Em evento em escola da periferia, crianças de 3 a 6 anos vivem diversidade cultural NA DANÇA!

A Apecatu é uma escola muito especial: fundada em 2002 pelo casal Stela Maris Grissotti e Rudi Böhm, foi criada na zona rural de Itapevi, Grande São Paulo, para atender crianças de 3 a 6 anos, vindas de famílias com renda familiar entre um e dois salários mínimos do Bairro Monte Serrat.

Iniciativa para enfrentar a carência de educação pública de qualidade em periferias, a Apecatu é reconhecida por modernizar a educação infantil em Itapevi. Neste ano, renovou também na festa junina da escola, realizada no último sábado, 9/6.

Teve quadrilha, sim senhor, sanfoneiro, chapéu de palha e trancinhas nos cabelos. Mas teve também as trancinhas afro de Ermi Panzo, poeta e dançarino angolano, a alegria de aprender danças vindas de outros países, a roda revivida ao som do acordeon de Gabriel Levy com os passos ensinados por BettyGervitz.

A novidade junina na escola inovadora é um dos ramos da plataforma NA DANÇA! que reúne artistas e professores imigrantes vivendo em São Paulo para ensinarem, no corpo e no movimento, um pouco da cultura de seus países.

O trabalho desses artistas conversa diretamente com as pesquisas da bailarina e professora Betty Gervitz, criadora do NA DANÇA!, e do músico Gabriel Levy, coordenador musical da plataforma.

Estudando, ensinando e apresentando há décadas danças e músicas do mundo, eles voltam os olhares para os mundos que se encontram na cidade,  criando novas conexões com as culturas que chegam e com as próprias origens culturais do país que recebe estes novos imigrantes.

Nas ações em escolas e com crianças, a conexão é imediata. “É uma troca total, são experiências intensas”, diz Gervitz.

Para Stela Maris, coordenadora da Apecatu, foi uma comprovação de como a dança e a música têm poder transformador. Ou, na linguagem direta das crianças, o poder de deixar a gente bem feliz, como disse uma aluna da escola.

A dança também é uma linguagem direta, especialmente para os mais novos. “Um trabalho que estimule a criatividade corporal está em sintonia com a natureza da criança”, diz Gabriel Levy.

Entrar NA DANÇA! é isso, mas também é mais. Levar a plataforma às escolas é ampliar o repertório físico, vivenciar a diversidade. “Trazer essas danças [para as escolas] ajuda a tirar o cabrestro da massificação, amplia possibilidades, abre um mundo”, diz Levy.

É também algo único, segundo Panzo. “Chega a ser visionário”, diz o artista nascido em Angola, que viveu em Cuba e desenvolve uma série de trabalhos, não só na área de dança, com grupos de diversos países da África e da América Latina.